domingo, 6 de março de 2011

Filho de ninguem.

Sou filho de mãe solteira
Meu pai é o mundo
Meus irmãos, são a esperança
Minha comida, é o seu resto
Procuro no entulho um Óscar
Vivo com o seu menosprezo
Sempre tentando aparecer em mundo onde sou invisível
E visível apenas para desconfiança, pela minha cor, ou com uma arma na mão
Bola no pé, só preta amarrada ao meu tornozelo
Seus olhares fazem com que eu desapareça, em mundo que não é meu
Não sou bem-vindo na sua porta, mas agrado na pagina da enchente
Eu não pedi para nascer
E não é minha culpa se estupraram a mendiga doida,
Não é minha culpa se o aborto não é legalizado
E quem disse que não sou um aborto ambulante da sociedade
Menosprezado, cuspido, escarrado, chutado, sirvo de saco-de-pancada para playboy
Isso quando não me ateam fogo para ver o "churrasquinho" correndo
Eu apenas sinto tudo o que você repudia
E não sinto tudo o que você ama
Me aqueço na esperança de no amanhã alguém me enterrar
Porque eu na verdade já morri, na verdade nem sei se cheguei a nascer
Não celebro, aniversário, não sei a cara do papai Noel, o coelho existe mesmo?
Nome, negrinho, "mendigo", filho-da-puta, você que escolhe, nem eu me lembro
Deus existe e eu vou encontra-lo e pedir para nascer do outro lado
Já tentei chorar devido a minha situação,
E descobri que chorar devido a minha situação não ajuda, e aprendi a viver com ela
Eu só como nas campanhas da emissora de TV, para dar mais IBOPE
Ou para o BOPE fazer filme
Seja como for, só presto para ser motivo de pena, ou raiva
Só me faça um favor da próxima vez que passar por mim?
Me enterre com um nome digno
Qual(?) Pedro Silva

Um comentário:

  1. Uau,

    Forte, mas uma realidade de muitos em nosso país.
    Adorei o teu canto, estou te seguindo.

    Beijo,

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